segunda-feira, 29 de julho de 2013

ela ainda acreditava em sua liberdade
pobre criança

- aquela puta?

e a verdade veio seca
triste e insensível

pobre criança
a dor parecia longe, já
coisa de outra vida, sabe?
mas é a mesma vida, a mesma pobre criança

- aquela puta.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

lembro que o teclado batia rápido
que as palavras apareciam
sem medo
e que os olhos, cansados, pingavam

lembro também que os motivos eram tortos
que a vida era diferente
e que os toques eram
fumaça

mas o que mais me marcou
e o que elas deveriam lembrar
é que os sorrisos eram superficiais
e a loucura, não.

sexta-feira, 11 de março de 2011

e depois de todo esse tempo
quando nós já não nos entendermos
quando você fizer alguma merda - ou eu, quem sabe

a gente se separa
e eu apago suas fotos
eu rasgo papéis
esqueço risos e motéis

esqueço tudo que presta

pra guardar pra sempre
o rancor de não ter durado mais.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

por mais dor ou amor,
não importa a intensidade,

por mais importante,

passa-se por nada.

e só se percebe o que foi
pela cicatriz,
no tempo futuro da vida apressada.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

às duas múltiplas personalidades

não me fale de suas vidas fora daqui, já me é suficiente teorizar partes delas.
não compare nem me conte de seus amigos.
não me peça desculpas por tudo o que eu suporto.
mas me deixe em paz agora, longe de seu sofá preto, longe das persianas coloridas.
eu não consigo mais acompanhar os surtos de vocês.
deixei os olhos na chuva
pra tentar me limpar do que vi

os braços ficaram guardados numa gaveta
pra não ficarem tentados

os pés, mantive,
porque ainda tem muito chão pela frente.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

a vida na voz passiva
aos trancos, aos empurrões

sendo jogado de um lado pro outro
sendo olhado, mostrado, estranhado
estragado

esmagado

uma vida na voz passiva
com a cabeça sendo abaixada
e o 'tudo bem' sendo cuspido, resignado.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

e você poderia dizer que, ainda assim, tivemos sonhos suficientes que nos acalmassem o passar dos dias, e que os planos que fazíamos eram sinceros. mas de que me valeram esses amores impalpáveis se, no fim, seu calor me deixou com o frio sólido do chão?
I wish I could trust or, at least, believe.

sábado, 30 de outubro de 2010

they used to run away
always
and they could never be blamed for that
once everything changes constantly
and all we've been
is, now, just a picture in our past.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

a gente ainda se perde pelas ruas, pedindo que a lua páre no céu e não nos deixe sozinhos, que adie a luz do sol e nos poupe do dia seguinte.
a gente ainda procura conforto, mas acaba confundindo com prazer.
ainda falta um nome no meio de tantas palavras, um nome saindo de alguma boca maliciosa. faltam buracos que nos façam tropeçar.
a gente ainda precisa um do outro.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

se não é verdade, sou eu
me querendo enganar

tentando me convencer de que isso tudo não me afeta
que eu não preciso mais dessa merda

e que eram vocês
os errados
que não acreditavam na minha doença

nessa falta de controle

na dor em silêncio, na obsessão,
nos delírios dos dias
em que eu te via passar não muito longe
em que eu perseguia seu carro com outro motorista

mas não importa mais, não é?

porque eu nem preciso mais te ver
nem de longe, nem de perto
eu repito que não me afeta

só quando eu ainda quero.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

promessas jogadas
cobrindo meu corpo nu
durante o tempo livre que nós criávamos

palavras que, pra mim, não tinham
credibilidade
pelo costume, pela lógica que aprendi
nos cortes, na dor que se agarra
aos ossos
e te consome

promessas que eu acolho
não por inocência, não por esperança:

só pra sorrir um pouco.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

o olho que se cega pela mão que aponta pra longe
somos nós que nos comemos com dentes gastos pela raiva

depois de tanto tempo na carne viva
daqueles olhos, é meu sangue
que agora pulsa e escorre por
nossas ruas brancas

com o vidro estilhaçado
me cobrindo o rosto
e me protejendo de toda essa nossa
indiferença

eu te encaro

dizendo molhado que não páre na porta
que atravesse logo a sala, o corredor,

eu.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

cada detalhe, lembrança, memória rasa rasurada
          vozes e seu jeito
          e o jeito de todos os outros, seus olhos que me furam
seus dias que me páram
          seu carinho que me dói por dias

                    essa obsessão.